Era uma vez uma criança com deficiência intelectual.
Rezam os manuais de convivência com pessoas deficientes intelectuais que elas não devem ser colocados em redomas, ao contrário, devem ser expostas a situações diversas da vida cotidiana.
A mãe dessa criança, por um lado, escuta e acata o que dizem os manuais, por outro deixa aflorar seu instinto de mãe que quer proteger a cria que conhece muito bem no seu convívio diário.
O conflito a leva a procurar um profissional que diz: “Mãe, não superproteja sua filha, deixe-a viver com mais liberdade”.
Mesmo aflita com o mundo real, cheio de gente com os mais diversos pensamentos, bons e maus, a mãe resolve acatar a sugestão do profissional e passa a deixar sua filha, deficiente intelectual e adolescente, a voltar sozinha da escola.
Não precisamos de bola de cristal nem de manuais para saber o final dessa história: num certo dia, a menina demora para voltar para casa e quando chega, confusa, mal sabe o que lhe aconteceu. No entanto, os poucos sinais evidentes são suficientes para que a mãe compreenda toda a situação: sua filha havia sido estuprada.
O que fazemos com um caso desse?
Com certeza, acontece aos montes por aí e poucos pais têm a coragem de expor a situação, porque ela é realmente muito sofrida. Primeiro pela culpa, dupla culpa que a família carrega: onde foi que os pais erraram para que a criança tivesse essa deficiência? E, depois, onde foi que erraram por expor uma criança sem condições de se defender?
Muita culpa para poucos culpados. Comecemos por aqui. Esta mãe, como tantas outras, apesar de todo cuidado, amor, clareza e conhecimento prático que tinha de sua filha, se viu impotente para decidir sozinha sobre sua educação e procurou a ajuda de profissionais. Dentre eles, aquele que ficou diretamente em contato com a menina. E foi desse profissional que a mãe escutou a recomendação já citada.
Imagino que sua intenção era a de incluir esta adolescente na sociedade. Mas, o que é incluir? É jogar uma pessoa sem discernimento suficiente para se defender na boca dos leões? Incluir passa por necessariamente olhar as necessidades reais de cada um. Repetir o que mandam os manuais não é tarefa de um especialista que convive com seus pacientes. Tarefa de especialista é conhecer as peculiaridades
de cada paciente, afinal o ser humano de carne e osso não está nos manuais, está na realidade.
É certo que esta garota deveria e deve fazer parte da vida cotidiana, mas respeitando seus limites. Seu corpo anuncia uma mulher pronta para a vida adulta, seu pensamento não. A mãe tinha essas informações e o conhecimento que os pais trazem de seu filho deve ser respeitado pelos profissionais. A mãe se sente culpada porque intimamente sabia que a filha podia viver uma situação dessas, porque seu corpo já é de mulher, mas sua cabeça é de uma menina, pequena, ingênua e distante dos apelos sexuais da nossa sociedade. O profissional não pode ditar regras aleatoriamente sem conhecer ou levar em consideração o discurso da família, o ambiente e o próprio paciente.
Uma fala precipitada e descuidada do profissional pode levar os pais e o paciente a sofrimentos difíceis de serem superados.
Precisamos entender o que significa uma real inclusão. E isso passa necessariamente por escutar, acolher, compreender, conhecer a pessoa, sua família, seu ambiente. Sem isso, não há inclusão verdadeira, há perversidade. Precisamos dar condições para que a pessoa com deficiência viva na sociedade e não fingir que não há diferenças.
Quem escreveu esse texto foi a Psicologa Carol Camara, uma amiga confidente, que participou um pouco e tem participado da minha vida e da vida de minha filha Victória.
Rezam os manuais de convivência com pessoas deficientes intelectuais que elas não devem ser colocados em redomas, ao contrário, devem ser expostas a situações diversas da vida cotidiana.
A mãe dessa criança, por um lado, escuta e acata o que dizem os manuais, por outro deixa aflorar seu instinto de mãe que quer proteger a cria que conhece muito bem no seu convívio diário.
O conflito a leva a procurar um profissional que diz: “Mãe, não superproteja sua filha, deixe-a viver com mais liberdade”.
Mesmo aflita com o mundo real, cheio de gente com os mais diversos pensamentos, bons e maus, a mãe resolve acatar a sugestão do profissional e passa a deixar sua filha, deficiente intelectual e adolescente, a voltar sozinha da escola.
Não precisamos de bola de cristal nem de manuais para saber o final dessa história: num certo dia, a menina demora para voltar para casa e quando chega, confusa, mal sabe o que lhe aconteceu. No entanto, os poucos sinais evidentes são suficientes para que a mãe compreenda toda a situação: sua filha havia sido estuprada.
O que fazemos com um caso desse?
Com certeza, acontece aos montes por aí e poucos pais têm a coragem de expor a situação, porque ela é realmente muito sofrida. Primeiro pela culpa, dupla culpa que a família carrega: onde foi que os pais erraram para que a criança tivesse essa deficiência? E, depois, onde foi que erraram por expor uma criança sem condições de se defender?
Muita culpa para poucos culpados. Comecemos por aqui. Esta mãe, como tantas outras, apesar de todo cuidado, amor, clareza e conhecimento prático que tinha de sua filha, se viu impotente para decidir sozinha sobre sua educação e procurou a ajuda de profissionais. Dentre eles, aquele que ficou diretamente em contato com a menina. E foi desse profissional que a mãe escutou a recomendação já citada.
Imagino que sua intenção era a de incluir esta adolescente na sociedade. Mas, o que é incluir? É jogar uma pessoa sem discernimento suficiente para se defender na boca dos leões? Incluir passa por necessariamente olhar as necessidades reais de cada um. Repetir o que mandam os manuais não é tarefa de um especialista que convive com seus pacientes. Tarefa de especialista é conhecer as peculiaridades
de cada paciente, afinal o ser humano de carne e osso não está nos manuais, está na realidade.
É certo que esta garota deveria e deve fazer parte da vida cotidiana, mas respeitando seus limites. Seu corpo anuncia uma mulher pronta para a vida adulta, seu pensamento não. A mãe tinha essas informações e o conhecimento que os pais trazem de seu filho deve ser respeitado pelos profissionais. A mãe se sente culpada porque intimamente sabia que a filha podia viver uma situação dessas, porque seu corpo já é de mulher, mas sua cabeça é de uma menina, pequena, ingênua e distante dos apelos sexuais da nossa sociedade. O profissional não pode ditar regras aleatoriamente sem conhecer ou levar em consideração o discurso da família, o ambiente e o próprio paciente.
Uma fala precipitada e descuidada do profissional pode levar os pais e o paciente a sofrimentos difíceis de serem superados.
Precisamos entender o que significa uma real inclusão. E isso passa necessariamente por escutar, acolher, compreender, conhecer a pessoa, sua família, seu ambiente. Sem isso, não há inclusão verdadeira, há perversidade. Precisamos dar condições para que a pessoa com deficiência viva na sociedade e não fingir que não há diferenças.
Quem escreveu esse texto foi a Psicologa Carol Camara, uma amiga confidente, que participou um pouco e tem participado da minha vida e da vida de minha filha Victória.
Esse texto foi a Psicologa Carol camara que escreveu,especialmente para mim, como acho lindo, resolvi dividir com vocês.
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